Revista de Prensa : Ricardo Costa dice esto en "Mosaico Futebolístico"
12 may 2010
"O Sp.Braga deste campeonato pode ser o Santiago Nasar do livro de García Márquez. O jovem Nasar, que gostava de se divertir mas não fazia mal a uma mosca, tinha a sua sina traçada desde o princípio. Iria morrer. Mais tarde ou mais cedo, não interessa, era mais do que certo o que lhe aconteceria. Aos olhos dos mais cépticos, o Sp.Braga também iria acabar por quebrar no campeonato. As vitórias de início de época, suplantando todos os adversários e mantendo-se agarrado ao primeiro lugar, seriam apenas um fogacho. Os bracarenses estavam, no fundo, a aproveitar bem enquanto os grandes não despertavam e assumiam o seu poder: foi esta a visão inicial. O desenrolar do campeonato serviu, contudo, para mostrar que o Sp.Braga crescera, adquirira novas dinâmicas e estava mesmo apostado em lutar pelo título. Superou o Sporting, depois o FC Porto. Mesmo assim tinha o seu destino, inapelável e cruel, à espera.
O Sp.Braga acabou por não chegar ao título. Morreu, portanto. Quem, no início, previa uma queda acertou. É assim tão simples? Não! Esta seria uma visão redutora, injusta e sem sentido. O Sp.Braga não chegou a campeão, é certo, mas o segundo lugar alcançado pela equipa de Domingos Paciência não pode, de forma alguma, ser visto como uma derrota. Não é o primeiro dos últimos. Este campeonato serviu para comprovar a qualidade do plantel arsenalista, capaz de catapultar o clube e a cidade, uni-los em torno do futebol, fazer chegar o Sp.Braga à fase inicial da Liga dos Campeões. É um feito histórico, com uma pontuação invejável de setenta e um pontos conquistados. Em épocas anteriores, com os rendimentos obtidos, o Sp.Braga teria sido campeão nacional. Nesta, porém, não foi. Tem culpa? Nenhuma. Perdeu porque o Benfica se agigantou, mostrou uma força há muito esbatida, reapareceu com grande valia. ..."